sábado, 20 de abril de 2013

Uma história sem final escrito.

Eu não sei se gostava demais ou só gostava de tentar. Talvez era só a vontade de ter. Não que fosse muito difícil ter, mas era difícil me manter. Aguentou e suportou todos os meus joguinhos de não gostar. As minhas provocações de beijar outros, de correr atrás de outro, de deixa-lo me esperando ou de simplesmente deixa-lo. Decidiu lutar por mim contra mim mesma. E quem colocaria um ponto e virgula no meu texto sem parada? Não que ele fosse tirar minha liberdade, mas ele colocaria um limite para ela. Se nem meu pai conseguia, quem imaginaria que ele iria conseguir? Nem eu mesma. Me viu beijar outros, me viu estar com outros, me viu rir sem ele. E eu ainda me pergunto porque não parou quando ainda tinha tempo. Brincar com ele era engraçado, porque ele não desistia de jogar. E por ele não desistir, como todos faziam quando cansavam dos meus jogos, eu me apaixonei por ele. Seria divertido poder jogar para sempre com alguém que não iria cansar de brincar, não é? Não. Dividíamos pessoas, bebidas, cigarros, orgia. Era perfeito, até parar de ser. E porque parou de ser? Porque eu decidi por uma palavra nova no jogo, amor. Essa palavra mudou as regras para mim, até eu cansar de jogar. Não queria mais brincar, eu queria que alguém levasse a sério. Ele estava tão acostumado a jogar. Ele gostou de brincar. Ele não entendeu que a palavra nova mudava tudo, talvez para ele não. O problema dos jogos é que tem sempre um que vence. Nós podíamos parar de jogar, agora. Mas ele não é de desistir, nunca foi. E ele continua na frente, continua com o jogo, e eu aqui parada no mesmo lugar. E quando isso acabar, o que nós vamos fazer? Será que tem fim? Essa é só mais uma história sem final escrito. Ou estamos no final e eu ainda não percebi. Mas pelo sim ou pelo não, eu fico com uma história sem final escrito.