quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

Lado a lado

Adolescência complicada, cheia de vícios e desejos inconsequentes. Queríamos ser vistos, notados, amados. Não sabíamos que o amor não é encontrado dessa forma. O drama era a melhor parte da nossa novela mexicana com pouco investimento. Um roteiro porco, queimado com cigarro. Idas e vindas, umas mais longes outras tão perto. Um namoro fragmentado, espedaçado, estilhaçado. Quantas braçadas contra a correnteza? Quanta dificuldade para colocar o trem nos trilhos? Era como ir ao encontro de um vulcão em erupção ao invés de fugir. O bom do calor é que nos faz derreter.
Acho engraçado quando ouço dizerem por aí que queriam um relacionamento igual o nosso é hoje. Cumplicidade, parceria, amor, amizade, atração, tesão, felicidade. Conseguimos, afinal, ter um romance clichê. O que ninguém vê é o que atravessamos. Aprendemos a lidar com nossas diferenças, delimitamos o perímetro em que podemos andar, deixamos alguns vícios para trás. Fizemos uma faxina em nossas vidas. Colocamos as coisas nos seus devidos lugares. Se me perguntarem onde eu gostaria de estar agora eu, com certeza, diria que em qualquer lugar com você. Aprendemos que o equilíbrio do nosso relacionamento está em ter empatia. Não é mais um jogo e quando deixa ser não há mais um vencedor. Somos iguais e caminhamos lado a lado. É isso que nos faz amar a história que estamos construindo hoje, sem esquecer o quanto foi bom ter vivido Skins.

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Meus votos

Bom, para começar eu queria explicar aos meus pais o porque eu te escolhi. Pai, mãe, eu sei que o tipo tatuado e não funcionário público não é o que vocês queriam para mim, mas pela primeira vez na vida eu não tive medo de contraria-los. Vocês dois sabem muito bem que para um casamento funcionar precisa mais do que dinheiro e "boa" aparência. Eu o escolhi porque ele me ensinou algumas coisas, uma delas é que eu poderia chorar e isso não me tornaria menos forte. Ele me ensinou quebrar preconceitos que moravam dentro de mim. Também me ensinou que o mundo não é bom ou mau, tem seus altos e baixos e eu não preciso me castigar por não ser sempre boa. Ele me disse que o aqui e o agora é para ser vivido, que o passado já foi e eu não posso ficar presa lá e o futuro será bom e com pensamentos positivos eu não preciso temê-lo. Ele com muita paciência, põe paciência nisso, aprendeu a lidar comigo. Aprendeu a ceder e me ensinou que querer nem sempre é poder. Ele me incentivou a ser livre, não só fisicamente mas psiquicamente. Ele me chamou de louca, mas nunca me julgou por isso. Então, pai e mãe, parem de olhar para as tattoos dele e olhem para o coração.
Mor, eu soube que era você quando eu me vi sem você. Pode soar clichê, I don't care! Mas foi quando eu vi que ficar sem você era mais difícil do que eu pensava, que eu soube que era você que eu queria ao meu lado. Deus sabe como foi difícil ficar longe da minha família, dos meus amigos, mas nenhuma dor foi tão grande quanto a dor de não te ter por perto. Só nós dois sabemos por quanto nós já passamos e o quanto lutamos para estar aqui. O destino fez várias fases hard para gente passar, as vezes dava uns game over e todos achavam que realmente o jogo tinha acabado para nós, mas a gente resetava e continuava a jogar. Hoje nós zeramos o jogo para começar uma história. Você sabe que eu sempre quis um conto de fadas até chegar aqui e ver que as histórias imperfeitas são as mais emocionantes. Nós vamos passar por tudo, juntos. Vai ter briga, dificuldades, momentos baixos como todo casamento. Mas vai ter amor, felicidade, risadas, músicas, danças, compreensão e colo como sempre teve. E vai ser para o resto da vida, neguinho. Na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, te amando, te respeitando e sendo fiel em todos os dias da minha vida até que a morte nos separe.
Eu te amo!

sexta-feira, 26 de junho de 2015

Brasil

Eu tenho raiz africana ou sou muito brasileira, eu gosto de mandala mas meu negocio é capoeira. Quando ouço uma cantiga do terreiro meu corpo se arrepia inteiro. A história do meu Brasil é a história do meu povo, os negros alforriados entrando em um seculo novo. Sou de pele branca, sobrenome italiano, mas o que me encanta mesmo é o sotaque baiano. Vi a neve no Canada em fevereiro, mas nada é mais bonito que o Rio de Janeiro. E eu vibro de ver as festas de São João. Brigadeiro, Paçoca, Arroz, Feijão. Agradeço aos índios que deixaram ensinamentos, com negros e brancos, ervas, chás, benzimentos. Me emociona a alegria de um país pobre que mesmo sem dinheiro não deixa de ser nobre. A falta de recurso nunca foi motivo pra chorar, quando chega o carnaval todo vai mundo sai para pular. A diversidade cultural faz do Brasil um país maternal. Aqui sempre cabe mais gente não importa a língua, a cor ou a mente. A corrupção é o problema, nesse país sorridente esse é o dilema. Mas o povo brasileiro não se deixa levar, quando o gigante acorda todo mundo vai lutar. As ruas são as mesmas para festa ou pra luta, mostrem pra esses ladrões que não somos uma puta. E assim vamos levando, um dia sorrindo outro lutando. Mas abandonar o Brasil não é uma opção, podem pagar mais la fora mas eu não quero não. Aqui é minha terra é aqui que eu vou ficar e esses corruptos vão ter que se mandar! Fico com meu povo feliz e festeiro, porque não há lugar melhor que o Brasil no mundo inteiro. Fico com o litoral, sorriso e calor, amazonas, florestas, ilhas e amor. Sou brasileira e gosto de brasileirice, de samba, mpb e crendice. Meus amigos são americanizados, eles não sabem o que perdem...coitados. Então dizem que eu tenho um pé na senzala, preconceituosos, mal sabem que o corpo é branco mas a alma é negra. Mal sabem que a cor é uma e o coração é outro. Mal sabem que eu sou brasileira.

sábado, 21 de março de 2015

Pshyco

Superficial é o que eu tenho sido, porque eu não quero que saiba o quanto dói. Eu queria rosas com espinhos, ursinhos com bombons. Eu queria carta de amor, declaração de amor, amor. Eu queria presentes baratos, jantar a luz de vela. Eu queria viagem romântica, filminho Disney. Eu queria Machado de Assis, Vinicius de Moraes. Clarice Falcão, por que não? Eu queria todos os clichês possíveis. Eu queria: você está linda, sinto sua falta, eu te amo tanto. Era isso que eu queria e você nunca pôde dar. Sempre me deu um olhar, um suspiro, um cheiro, um abraço, um beijo, um peito, um colchão. E eu fui ficando porque eu gostava do olhar, do suspiro, do cheiro, do abraço, do beijo, do peito, e só um pouquinho daquele colchão de solteiro que mal cabia nós dois. Eu queria mais, mas para mim o que você tinha para me dar era o suficiente para me fazer feliz. Então você se entediou demais com tudo o que eu sou. Decidiu então fazer uma cicatriz diferente a cada ano para matar o tempo. Decidiu me fazer lembrar de você em cada lágrima e não em cada memória. Você poderia ter sido o clichê mais bonito dos meus versos e escolheu ser o monstro embaixo da minha cama.

Droga

Tudo começou com um cigarro. Um trago suave, perigoso, divertido. Mas ainda assim era tão fácil olhar dentro dos seus olhos e dizer: eu amo você. Então veio o uísque. Quente, forte, emocional. E tudo ficou um tanto quanto intenso. Mas ainda assim era fácil olhar dentro do seus olhos e falar: eu te amo. Então veio a maconha. Uma tragada pesada, ardida, sorridente. Um tanto quanto engraçado o que a gente tinha, até patético. Mas ainda assim era fácil olhar dentro dos seus olhos e dizer: te amo. Então veio o LSD. Ácido, amargo, louco. E tudo ficou sem sentido, distorcido. Mas ainda assim era fácil olhar dentro dos seus olhos e falar: eu gosto de você. Então veio a cocaína. Uma cheirada corrosiva, viciada, infeliz. E tudo se tornou briga, egoísmo, doença, bipolaridade, vontade de magoar. E então se tornou fácil olhar dentro dos seus olhos e falar: eu odeio você.