quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Confusão

O tempo demora para passar quando se conta os minutos e passa rápido demais quando se conta os anos. Dentro de mim a confusão parece um tornado, bagunçando e destruindo. Já não sei mais se eu sinto tristeza ou felicidade. Talvez não sinto nada, por hora. É como estar longe e mais perto. E será que eu quero contar os minutos ou contar os anos? Bom, se o tempo não passar é porque eu to contando os minutos. Então, tomara que eu só conte os anos durante um. Esta tudo tão confuso, que dá vontade de dormir. Mas, vou só fingir que é tudo tão normal e ir por meu moletom.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

A bêbada

Com o copo de uísque na mão esquerda e o cigarro aceso na mão direita. Falava e mexia os braços sem derramar uma gota da bebida e sem apagar a brasa do cigarro. Ria dela mesma ou de alguma coisa que só ela entendia. Refletia sobre a vida, mas ninguém a ouvia. Afinal, ela era só uma bêbada com cigarro na mão. O que ninguém sabia era que ela escrevia, que ela sentia e que ela ficava em silêncio. Bebia por que o álcool  queimava e fumava porque o cigarro matava. Era uma suicida contemporânea e tinha consciência disso. Não era triste. Só não tinha encontrado o que procurava. Talvez, ela quisesse mais uma dose. Ou talvez, só alguém que lesse o que ela tinha para falar.

A brasileira

Ela andava pelos corredores quase que sambando. O sorriso no resto dela não se apagava, por mais que por dentro corroía. Sentia falta do calor, do carnaval e da invasão de espaço. How are you? I'm fine. Na verdade, ela queria mesmo era falar: me tira daqui! A menina não iria admitir para ninguém que queria desesperadamente o colo da mãe, nem para ela mesma. Estava representando seu país e levava consigo o que ele a ensinou: Nós brasileiros não desistimos nunca! O samba no pé não morreria ao tocar um floco de neve. E todos os dias de manhã ao ouvir o hino daquele país, cantava baixinho: "Ouviram do Ipiranga às margens plácidas. De um povo heroico o brado retumbante, e o sol da Liberdade, em raios fúlgidos brilhou no céu da Pátria nesse instante. Se o penhor dessa igualdade, conseguimos conquistar com braço forte, em teu seio, ó Liberdade, desafia o nosso peito à própria morte! Ó Pátria amada, idolatrada, salve salve! Brasil, um sonho intenso, um raio vívido de amor e de esperança à terra desce..." Sorria, brasileira, sorria! Porque onde quer que você vá seu país torce por você, assim como um estádio de futebol lotado com torcedores de verde e amarelo. Vai menina e conquista o mundo... Mostra para os gringos quem somos nós!  Com samba no pé, sorriso no rosto e o brilho no olhar. Encanta, brasileirinha, encanta!

domingo, 23 de setembro de 2012

Bilhete para meu avô.

Você é meu herói, meu pai, meu avô, meu rei, meu guia, meu vovô gordo, meu dengo, minha calma. Sim vô você é! Porque onde quer que você esteja você sempre será tudo isso pra mim! Eu sei que você não gosta de me ver chorar, mas é que a saudade dói e acabo deixando escapar algumas lágrimas, sabe? Eu tenho aguentado esses seis anos em pé porque eu sei que você ainda olha por mim e eu quero vovô te dar muito orgulho! Sua neguinha te ama e ainda vai te encontrar por ai! 

Os júris somos nós mesmos.

Tudo que começa simples demais, acaba ficando complicado. E falar de amor é a coisa mais clichê do mundo, em qualquer língua. Mas é que o amor é indefinível e as pessoas estão numa busca contínua pela definição. Amor dói? Amor faz feliz? O que é amor? Amor existe? Amor, amor, amor. Pra mim amor é abstrato, só que isso seria um definição. Então não, não vou falar de amor. Vou falar de uma pessoa, porque pessoas são apalpáveis e definíveis. Tudo começou numa noite de sábado, como uma brincadeira de criança. Fácil e até jogante. Mas com o passar do tempo, virou quase um crime. Viciada em drogas? Em uma só, com nome e sobrenome. Já matou alguém? Só por pensamento, por causa de ciúme. Réu primário? Sim e esse, doutor, é sempre o que a gente nunca esquece. As primeiras tentativas são as mais difíceis, mas você pega o jeito. Parece que demora pra pegar o jeito. Talvez você nunca aprenda. Leva um tombo, mas a hora que o roxo some, esquece! Errar é tão, é tão humano. E tão fácil já que existe a palavra perdão. E qual foi seu crime? Possessão. Você mexe com o demônio? Não, com o amor mesmo. Olha senhora, como você confessou seu crime sua pena será diminuída. Admitir sempre é o melhor caminho. Evoluir é sempre a melhor opção. Tudo bem, doutor. Não fica triste não, o Estado tem bons advogados. Ninguém pode ajudar. Só cabe a mim. E cercada a quatro paredes, lembrei da brincadeira de criança que ficou tão complicada. Lutando pra que no final haja dois ganhadores, mas nossos crimes não nos deixam vencer. Então, torça pra que o júri nos liberte. E não se esqueça que os júris somos nós mesmos.